domingo, 28 de dezembro de 2008
Feliz 2009
domingo, 7 de dezembro de 2008
Sete Pecados Capitais.
Descobri como funciona uma parte do judiciário norte-americano para punir políticos pegos com a boca na botija. Enquanto nossos ministros do supremo pensam de que forma inocentar parlamentares comprovadamente culpados, a suprema corte nos Estados Unidos pune, severamente, até os políticos mentirosos. É o caso do prefeito de Detroit, Kwane Kilpatrick.
Kilpatrick mantinha um caso extraconjugal com a secretária do seu gabinete, Christine Beatty, e foi flagrado por dois policiais que o levaram a julgamento.
O prefeito e a secretária negaram, sob juramento, que houvesse um romance entre eles. A suprema corte condenou Kilpatrick a quatro meses de cadeia e uma multa de 1 milhão de dólares. Perdeu seus direitos políticos por 5 anos e não poderá mais advogar.
Enquanto o prefeito de Detroit era condenado merecidamente por ter apenas mentido durante julgamento, aqui nas terras dos Tupiniquins, o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, fazia ronda para se livrar da cassação que estava sendo julgado no Congresso Nacional. Cunha Lima foi condenado à perda do mandato por ter distribuído 3,5 milhões de reais a eleitores na campanha de 2006. Diferente do prefeito americano, a maior punição que Cunha Lima pode sofrer é a perda do cargo. O governador paraibano não precisará reembolsar os cofres públicos os 3,5 milhões de reais e seguira recebendo a aposentadoria de 22 milhões de reais como ex-governador. E não para por ai. Na condição de ex-governador poderá se candidatar aos próximos pleitos e continuará com a famosa e vergonhosa imunidade parlamentar. É justamente essa regalia que fez se arrastar por quase dois anos o julgamento do governador caridoso. Fico empolado com minha inveja ao saber que o prefeito de Detroit foi julgado e condenado em menos de 8 meses após descoberto o romance fora do casamento.
Leis é o que mais existem em nosso país. Em 2001, o ex governador do Piauí, Mão Santa foi o primeiro a ser julgado sob a nova legislação eleitoral e perdeu o mandato por uso da máquina pública e compra de votos. Mão Santa não perdeu seus direitos políticos e hoje é senador pelo seu estado e mesmo cassado recebe pensão como ex-governador e o valor ele não revela.
Nos Estados Unidos, existem todos os males que temos aqui no Brasil: políticos recorrendo infinitamente para se livrar da punição, políticos usando os cofres públicos como se fossem suas economias pessoais e usando a máquina para se reeleger. A diferença, e bota diferença nisso, é que mais cedo ou mais tarde, a Justiça americana manda os larápios para a cadeia. Aqui, no lado sul do continente, apenas esperamos o próximo recurso que nunca será julgado.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
30 Anos sem Vlado.
Na entrada do TUCA encontrei o jornalista Ricardo Kotsho. Paulista de 60 anos, quarenta deles dedicado ao jornalismo. Dono de um estilo inconfundível e mestre na arte maior da sua profissão — a reportagem. Em suas andanças como jornalista, Kotscho viajou o país todo, sempre ajudando a contar a história recente do Brasil. No nordeste cobriu o desastre aéreo que matou o ex-presidente Castello Branco, em 1967. Na capital paulista, cobriu o traumático incêndio do edifício Andraus, em 1972. Já no planalto, investigou as mordomias de que gozavam superfuncionários, na série de matérias que o projetou como jornalista, em 1976, e lhe rendeu o primeiro prêmio Esso – Kotsho possui três desses. Sua participação ativa na campanha das Diretas, em 1984 também não poderia deixar de ser lembrada. Sempre atuante, Ricardo Kotscho foi um dos indicados ao prêmio Vladimir Herzog. Numa conversa descontraída, falou que não esperava receber a indicação muito menos o prêmio. “É legal porque não é um prêmio que você se inscreve” declara o jornalista. “Parece que ganhou na loteria sem ter comprado o bilhete, sem ter jogado, entende?” conclui Koscho. O jornalista ainda completa dizendo que fica contente em saber que a votação do prêmio é feita pelos colegas de profissão e é isso que faz toda a diferença em receber algo assim. Com uma votação criteriosa onde mais de quinhentos jornalistas votam para decidir quem leva o cobiçado troféu, não pelo valor material, mas sim pelo valor simbólico que o emprega. Esse foi o 30° prêmio Vladimir Herzog. E de todos que Ricardo Koscho já presenciou, declara que não se lembrar das matérias, mas não esquece que foram em 1981 e 1983, edições onde o jornalista foi premiado. Exerceu a profissão no período mais negro da nossa história brasileira. Afirma que nunca foi ameaçado de morte por causa das suas idéias e matérias. “Não, nunca sofri ameaças. Eu sempre fui muito cagão, medroso e isso foi bom, porque me manteve longe dos conflitos diretos (risos)” declara o jornalista. Mesmo não recebendo ameaças, Koscho foi orientado a morar fora por um tempo. Foi para Alemanha depois de denunciar a morte de um operário. “Depois de escrever uma matéria denunciando a morte do líder operário Manuel Fiel Filho, alias, a morte dele era semelhante a do Herzog. Então, sai do Brasil por um tempo e continuei ajudando a denunciar os crimes aqui no país.” Afirma Ricardo. O movimento de pessoas entrando no TUCA era grande e lá dentro já iniciava a cerimônia ao som do Hino Nacional em ritmo de samba. Foram feitas homenagens aos jornalistas já falecidos, casos de Perseu Abramo e Lourenço Diaféria – este morto em setembro deste ano - antecedendo a entrega dos troféus aos premiados em nove categorias. Além do 30º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, o Sindicato também promoveu o 4º Prêmio Vladimir Herzog de Novos Talentos, voltado para estudantes de Jornalismo de São Paulo. Houve homenagem à família Teles pela vitória na ação que obriga o Estado a responsabilizar o comandante do DOI CODI de São Paulo entre 1970 e 1974, coronel reformado do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, pela série de torturas a que membros da família foram submetidos. Um momento marcante é a critica do Ministro Vanucchi sobre a posição da Advocacia Geral da União e colocou publicamente a sua posição a respeito da responsabilização dos crimes de tortura durante a ditadura militar. “Nosso Governo, por determinação do próprio presidente Lula, tem desenvolvido uma série de ações voltadas para o direito à memória e à verdade. E a manifestação jurídica da Advocacia Geral da União, sem desqualificar ou condenar sua atribuição que é defender a União, evidentemente produziu uma peça que tem uma manifestação de posições que são inaceitáveis para os direitos humanos, que colidem com a posição minha, com a posição do Ministério da Justiça, de vários outros ministérios.”, argumentou.“Vou levar ao presidente a idéia de que isso tem de ser superado, com a unificação de uma posição clara.” afirmou. “Quando a AGU tiver de fazer uma manifestação como essa, não pode adiantar pontos de vista, como dizer que a tortura é crime prescritivo, porque o Governo não tem posição sobre isso.”, concluiu o ministro. Outro momento de comoção foi a chegada de Clarice Herzog no teatro. Aplaudida desde a entrada até o momento que se sentou para assistir, mais uma vez, a homenagem a seu companheiro do passado. Atenta a tudo sempre calada, ficou difícil de decifrar o que se passava no pensamento daquela mulher depois de 30 anos de um crime covarde.
Anos de Chumbo.
Flávio Cavalcante era a favor dos armísticos no poder para a manutenção da moral e dos bons costumes. O apresentador mais importante da extinta Manchete, mostrava imensas obras de engenharia, um país realmente em crescimento exponencial, era a época do Brasil Grande, Milagre Brasileiro ou o Milagre Econômico. Grandes obras, como a ponte Rio-Niterói e um dos exemplos de obras faraônicas.Amaral Netto era um concorrente direto na audiência com Cavalcante. As organizações Globo investiam em Netto oferecendo horário nobre para exaltar as façanhas militares em tom de samba-canção. Façanhas como a hidrelétrica de Itaipu ou a rodovia Transamazônica. Amaral culpava os “comunas” sobre a paralização das obras no empreendimento na Amazônia.Os militares pressionavam sempre a emissora quando havia mudança na grade dos programas e principalmente no horário de Amaral Netto. O apresentador tinha conexão direta com o presidente e com os ministros militares e eles falavam diretamente com o Roberto Marinho que voltava o programa para o horário de melhor audiência.
Em 1980, Lula é preso por João Figueiredo – seria o último presidente militar - e a partir desse momento, os empregados que ainda eram contra Luís Inácio, passam a apoiar o movimento das Diretas Já.Começam pressões em toda parte do país para eleger diretamente o presidente e parlamentares que só viriam uma década depois.Não podemos deixar de mencionar a manobra nas eleições de 1989. Finalmente acontecia as primeiras eleições – ainda que indireta - para presidente e assim foi eleito Tancredo Neves que não assume a presidência e morre alguns dias antes da posse. Somente nas próximas eleições que seria realizado a primeira eleição direta entre Fernando Collor, que surgiu como alternativa para burguesia e Luís Inácio da Silva, representando a classe pobre. A Globo, mais uma vez, vendeu a imagem de Collor como um campeão do combate à corrupção. O caçador de marajás como ficou conhecido e era o slogan de sua campanha. Mesmo assim, Lula, candidato do PT e apoiado pela CUT, foi para o 2º turno das eleições. Nesse momento, a Globo entrou com tudo. Fez uma enorme campanha de terrorismo e calúnias contra o candidato popular e manobrou as edições dos debates entre os candidatos favorecendo e elegendo Collor. A partir de então, é dado início as grandes transformações na sociedade e a aceitação do neoliberalismo no País. Momento de glória para a Globo e para dezenas de políticos gatunarem os cofres públicos. Insatisfeito com o pedaço da fatia, Roberto Marinho começa o projeto de tirar o presidente Collor do poder. Com denúncias de corrupção sendo transmitida nos principais telejornais da emissora, influenciando a opinião pública, manipulou a sociedade e exibia as manifestações contra Fernando Collor. Ele caiu, mas o neoliberalismo e a Rede Globo ficaram.
Quanto Vale a Arroba?
Chamá-los de incorrigíveis é reduzir esta persistência a uma compulsão pela imoralidade. Seria uma forma de minimizar o fenômeno e retirar dele o aspecto sistêmico, institucional e impunitivo.Os trambiques de Naji Nahas já têm quase duas décadas, Daniel Dantas protagoniza o noticiário dos escândalos há três lustros e o novato Celso Pitta enrosca-se em negócios escusos há quase oito. E nosso ministro preocupa-se com o trabalho - sério e profissional - do delegado que tenta apenas cumprir suas funções.
A culpa pela impunidade não é da imprensa, mesmo se quisesse não poderia acompanhar todos os escândalos simultaneamente. O que é divulgado é apenas uma pequena parcela do que eles - os parlamentares e empreiteiros - roubam dos cofres públicos. É divulgado na mídia porque alguém delata. Mas não se iluda achando que o delator é um cidadão de bem, com boas intenções para melhorar nosso país e defender seus direitos. Não! O delator entrega porque não participou da partilha do roubo, do golpe contra o dinheiro público e então se torna um delator insatisfeito, magoado e vingativo.
As sucessivas reprises e repetecos têm causas bem definidas: a lentidão da Justiça, que leva uma eternidade para dizer quem é inocente e quem é culpado, e a fascinação de grupos próximos ao poder pelos "gênios" políticos e financeiros que se infiltram nos gabinetes com idéias mirabolantes.É preciso não esquecer que o mensalão, onde começou o novo capítulo da biografia de Daniel Dantas, foi criado por outro gênio, o lobista Marcos Valério, por sua vez estimulado pelos gênios que pretendiam criar num passe de mágica uma maioria no Congresso. Escândalo que foi parar em algum freezer petista no fundo de uma garagem parlamentar.
O escândalo da Varig resultou da preguiça das autoridades em encontrar uma solução rigorosa e honesta para salvar a companhia aérea. No maior acidente aéreo do país, o voo da TAM que caiu em São Paulo, procura-se uma forma de enquadrar os incompetentes ao codigo penal. Simples! 199 homicídio doloso. Ponto!
Zuleido Veras, o dono da Gautama, inventou um nome místico para uma fabulosa engenharia sem obras com o apoio dos "Partícipes Trambiqueiros".Atrás de cada escândalo há um fraudador brilhante, criativo e um séquito de advogados, executivos e políticos fascinados pela facilidade em embolsar indevidamente grandes quantias.
A imprensa só tem uma culpa: a de não conseguir trazer aos olhos de todos, todas as falcatruas, conchavos, acertos ilicitos que nossos parlamentares, na calada da noite, nos becos úmidos aos cochichos se organizam. Como um dia cantou Zé Ramalho:
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal..."
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Somos negociados como gado e assim, calados, conformados, vamos morrendo aos montes.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
15 Minutos de Fama.
Solidão.
Voto.
Até Quando?
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Intolerância.
O ser humano esta cada dia mais intolerânte. E não é diferente comigo e uma porção de gente que conheço.Foi transmitido em cadeia nacional um jovem ensangüentado atropelando um segurança de um posto de gasolina. Intolerância de ambos os lados. O segurança intolerânte com um mendigo, o jovem ao ver a atitude, partiu para cima do segurança. Esse por sua vez, intolerânte em ser repreendido agrediu tanto o mendigo quanto o jovem defensor.O motorista enfurecido por ter sido agredido, entrou no veículo e avançou em direção do segurança atropelando e causando alguns ferimentos.Toda essa situação é a falta de perspectiva de punição, de justiça e de direito preservado. A minha intolerância é com nossos políticos.Essa semana, como todos os dias, assisti a ineficiência do senado e da câmara dos deputados na TV Câmara. Algum dia parou para assistir pelo menos um minuto? É improdutivo por um lado, mas compensador por outro. O lado positivo é ter a possibilidade de ver quem faz o que lá dentro. Todos querem subir ao púlpito e bradar algo que cause impacto, que seja visto como alguém que se importa com a sociedade. Mas, é tudo enganação.Fiquei assistindo o festival de engodo durante meia hora, mais que isso é praticamente uma tortura. Vi a senadora “sanguessuga” Serys Slhessarenko homenageando o povo mato-grossense – não que não mereçam – mas a homenagem poderia vir em atitudes, em leis, mudança legislativas que beneficiariam não só o mato-grossense e sim o povo brasileiro. Usam o púlpito como se fosse palanque em campanha eleitoral. Um fala e dezenas ignoram. E olha que aprendemos logo no primeiro ano básico que, quando um fala o outro escuta, ou baixa a orelha. E não é isso que assistimos na TV Câmara. Se o desrespeito entre seus pares já é tamanha, imagina com toda a sociedade que colocou cada um desses políticos corruptos e mal intencionados nas duas casas legisladoras.É uma reação em cadeia! Má utilização do tempo nos púlpitos para a promoção pessoal, deixam de votar assuntos importantes e destrancar pautas que consomem o dinheiro público em sessões extras no final de ano. Somos obrigados a pagar estadia, horas extras e sem esquecer os cartões corporativos desses políticos inertes.Apesar de não justificar, explica-se a intolerância de toda a sociedade. Desconta-se no próximo o que os eleitos fazem com os eleitores.