sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quero somente o essencial


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade... Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Que País é Esse?

A impunidade no Brasil é como uma doença crônica, sem cura e até mesmo sem vacina. Sei que é um assunto muito debatido em protestos, porém nunca resolvida. Muitos fazem crítica a este erro inaceitável do poder público, mas parece que estamos longe de alcançarmos o direito de vermos punidos aqueles que assolam a sociedade.

A Human Rights Watch, uma organização de defesa dos direitos humanos, criticou duramente os atos impunes na justiça brasileira. Segundo a ONG, os abusos aos direitos humanos no Brasil são significativos, pois no país há muita impunidade e há ainda a falta de acesso à Justiça. Afirmou ainda que os policiais são muito corruptos e que as condições das prisões brasileiras são muito ruins. Primeiro, discordo que os policiais são corruptos.

Não se pode julgar a corporação por uma dúzia de má policiais. Segundo, prisões são chamadas de “penitenciárias”. Isto é, para ser penitenciado, cumprir penitencia ou para ser mais claro, ser punido. O marginal não esta em colônia de férias! O que me deixa indignado é a defesa quase que paternal das pessoas que se dizem a favor dos direitos humanos. E o direto à vida das vítimas desses marginais?

Estou escrevendo tudo isso porque ontem perdi mais ainda minha fé nessa instituição. Perdi a fé nas leis que regem esse país. Perdi a fé nos homens que governam essa nação. Assistindo o telejornal, vi que a luta de uma mãe, pobre, analfabeta e catadora de papel e latinhas nas ruas de Recife no estado de Pernambuco para sustentar a família, foi em vão.

Maria Luiza do Nascimento, comemorou muito quando soube que seu filho, Alcides do Nascimento Lins, havia passado em Biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco em 2007. Algo que foi documentado com matérias em vários telejornais e orgulho pela forma de inclusão social. Alcides se tornou “garoto propaganda” do governo pernambucano e seu rosto ficou conhecido em outdoors espalhados pela cidade.

Acontece que no último sábado (6), o jovem estudante, que se formaria esse ano, foi morto com dois tiros na cabeça. Os marginais estavam procurando um outro individuo, como não encontraram, para não perder a “viagem”, resolveram executar Lins por puro prazer. E sabe o que é mais doloroso? Não vão achar os criminosos, não estão nem ai para quem era Lins ou para quem é Dona Maria Luiza. Cairá no esquecimento e se tornará estatística da criminalidade.

O caso é que a Justiça brasileira é cega até demais! Cega, surda, muda e acima de tudo, burra ! Parece que ninguém é punido. As prisões vivem lotadas e quem comanda dentro das cadeias são os bandidos. Trabalhadores, que lutam sol a sol, dia a dia, não tem condições de ter um aparelho de celular porque sua prioridade é colocar comida na mesa e vestir suas crianças.

Os governantes deveriam olhar para baixo já que esse ano é eleitoral. Chegou mais uma oportunidade de dizer “BASTA”. Chegou nossa hora de dar o troco e mostrar de quem é esse país. Não votem naqueles que não cumpriram suas promessas, não votem em quem tem acima de dois mandatos e não fizeram absolutamente nada e acima de tudo, não votem naqueles que tem pendências com a justiça. Não elejam criminosos. Vamos fazer a faxina de cima para baixo!

Fica aqui minha indignação à morte de Alcides do Nascimento Lins. Brasileiro, batalhador, guerreiro e acima de tudo... gente! Mas que cairá no esquecimento em poucas semanas.

Quem dita a regra?

Puxa, esses dias não foram fáceis não é? Os telejornais usaram e abusaram da imagem de duas vitimas do machismo; Elisa Samudio e Mercia Nakashima. Sou formado em rádio/TV e estou finalizando bacharelado em jornalismo.

Na boa, não consigo engolir o que os grandes veículos de comunicação vem fazendo nas últimas décadas. De verdade! Parece que a televisão virou a referência para tudo. É a “dona da verdade”, esta acima do “bem e do mau”. E quer a real? Não esta!

A televisão dita hoje em quem votar, quem é culpado ou inocente, faz o papel do advogado do diabo. Tudo isso com interesses pessoais. Claro que para a maioria que esta lindo isso agora, é como chover no molhado. Mas não estou aqui detonando tudo o que ela representa. Sei que há a parcela de contribuição e até mesmo é a única forma de informação que chega a milhares e milhares de lares espalhados por esse Brasil de meu Deus.

Mas algumas coisas me deixam puto da vida. Posso parecer moralista, e acho que para certas coisas sou mesmo, sabe? Um moralista idiota. Não sei.

Vejo muitas vezes a televisão, com suas novelas, tentando empurrar goela abaixo alguma tendência. Não cola! Pra mim isso não cola. Vou usar dois assuntos que são mais próximos de mim pra chegar onde quero: tatuagens e roupas. Sim, tudo bastante superficial. Tatuagem, pra mim, é tiração de onda.

Sempre foi, sempre será! Acho bonito e claro, pra mostrar pros outros. É estranho como as pessoas ficam desesperadamente procurando significados pra tatuagens. Por que tatuagens necessariamente tem que significar alguma coisa, né? Juro que não entendo quem foi o imbecil que estabeleceu isso, mas tudo bem.

Me sinto bem indo em uma boate, bar, praia, festa mostrando a minha tatuagem. É adequado. Quando estou na rua, sei lá, fazendo compras, também. Nunca sofri discriminação por causa disso. Mas, por incrível que pareça, não me sinto bem mostrando minha tatuagem em: centros religiosos, alguns ambientes de trabalho, como as escolas que leciono prática de locução (aqui na Kiss é tranqüilo). E não me sinto pelo simples fato de que não vou a esses lugares pra tirar onda. Vou por motivos específicos e fim. Camiseta regata não é comigo. Ficar mostrando o sovaco é nojento! Bermudas, só quando estou em casa ou de férias no litoral. Fora isso, jeans e camiseta T-Shirt.

Com certeza vai ter gente defendendo criaturas que se vestem com microvestidos em universidades e que claro, “Brasil país do carnaval, como as pessoas podem ser tão moralistas? e mimimi…” … “por que o direito das mulheres serem sexualizadas e blablabla… mulher também pode ter desejo”… entre outras trilhões idiotices que li por aí, eu, em todo o meu moralismo, imbecilidade e machismo ainda acho que falta uma boa dose de BOM SENSO para muita gente nesse mundo.

Acho de uma sacanagem tão grande essas pessoas que acham que todo mundo tem que aceitar o que elas tem pra oferecer goela abaixo por que senão vão ser taxadas de moralistas/hipócritas/racistas/preconceituosas/fascistas e por ai vai.

Se for seguir esse pensamento, as ruas viraram passarela do samba? Um sambódromo? Sim! Quer dizer que posso andar peladão na rua de boas e todos terão que aceitar? Me tratar como igual? Tá escrito onde? Desde quando? Quem disse/ensinou/mostrou?

Outra coisa. Sei que isso vai gerar mais polemica, mas, não seria eu mesmo se não escrevesse. Já que estamos falando de aceitação. Juro pra você que não sou homofóbico, mas, acho que tudo que foge do comum, deveria ser velado. Falo isso pelo fato de ver homens e mulheres com seus parceiros a beijos calientes em metrô, ônibus e tantos outros lugares. A aceitação da sociedade, vai além de mostrar publicamente a sua preferência sexual, entende? Hoje conseguimos identificar um casal homossexual só de olhar. Então, como qualquer outro moralista, que tal um “pegar leve”, ainda mais quando há crianças que estão começando a entender um pouco desse nosso mundo tão louco. Mais uma vez, é a televisão tentando quebrar alguns tabus inquebráveis.