segunda-feira, 29 de março de 2010

Welcome to circus


Vou confessar uma coisa. Tento de verdade acreditar que esse mundo terá jeito, tento mesmo! Mas, me sinto tão idiota, tão infantil, tão utópico. E olha que sou meio “São Tomé”, só acredito quando vejo com meus próprios olhos. Fiquei imaginando como será nosso país daqui a 10, 20, 30 anos. Quantas pessoas “do bem” terão deixado seu legado para trás sem ao menos colher os frutos dos seus esforços.

Me enviaram um e-mail com um poema atualíssimo! E claro, divido com você.



Gandhi esta morto...

Lennon, Luther King, Chico Mendes
O estudante chinês na Praça da Paz Celestial...
Vozes clamando reforma agrária, sindicalistas e militantes tantos
Denunciando holdings, corrupção e desmatamento
Nações indígenas dizimadas
Incontáveis desaparecidos na calada da noite
Nos porões da ditadura militar em tempos idos
Na Amazônia covas de indigentes
Sem vestígios sepultam a Guerrilha do Araguaia
Geraldo Vandré sem paradeiro esquecido
Em boatos louco, desterrado, inválido
O Papa sofrendo atentado
Outrora apóstolos perseguidos, martirizados
Cristãos nas arenas romanas
Sócrates bebendo cicuta...
Jesus Cristo, quanta gente!


Valores invertidos
O mundo de pernas pro alto
Eu pregando sozinho na praça
Alardeando ao som do bumbo
Armando meu circo
No picadeiro berrando
Nas arquibancadas
Gatos pingados, desocupados
Jogando pipocas prum macaco...


As pessoas têm me decepcionado...
Não se importam com nada
Usam máscaras e dissimulam
No entanto não representam personagem algum
Sendo elas mesmas, estão mais fantasiadas que o pierrô e a colombina
O Arlequim com bandolim
O palhaço trapezista


Na bolsa
Carregam uma escopeta...


Nesse circo do dia a dia
Os animais enjaulados
Somos nós
Famintos, ferozes
Traiçoeiros
Amestrados


Exóticos, causamos estranheza
Se nos encaramos no espelho
O que se dirá aos outros?
A curiosidade atrai
Público ao nosso circo
Espanto e perplexidade
Olhos esbugalhados mirando
Boquiabertos
Nossos atos...


A platéia ri de nós
Comendo algodão doce
Estourando balão de gás
Atirando pipoca


Nosso show:
Querer mudar os fatos
Dum mundo
Para eles abstrato...
Tão abstrato


Quanto o sangue derramado
De tantos mártires
Homens de paz
Ou de tantas criaturas
Que nem podemos mais chamar de gente
Dormindo debaixo de marquises ou pontes
Aos maltrapilhos, imundos
Comendo restos de lixo
Disputados com ratos
Geram crianças


Que diria-se a esperança do mundo
O riso, o sonho e a pureza
O encanto de nossa poesia
À beira de esgotos
Futuros mendigos graduados
Como pedintes no trânsito
Aliciados pelo tráfico
São números para os matemáticos
Do Estado burocrático
O Décimo Quarto DPO chaciná-los
É mais fácil...


Basta uma ordem
Vindo da alcova do Poder
Engendrado pelo Diabo
Ninguém se importará com nada
Eram problemas para a sociedade
Drogados, usuários de cola de sapateiro
Vendedores de craque, maconha e cocaína
Trombadinhas, mal elementos
Mantidos ao custo do vício
Dos estudantes da Pontifícia Universidade Católica
Sócios do Golf Club
Que passam férias na Disney
Vestem Giorgio Armani
Andam de BMW
Moradores dos condomínios
Da Gávea, Barra
Ipanema, Leblon...
Que almoçam no Plataforma I
Jantam no Porcão
Filhos burgueses da Besta:
Os Senhores do Poder
Que deram a ordem de extermínio...


Essas coisas, caros irmãos mambembes
Não causam espanto
Perplexidade, estranheza
À platéia que vêm ao nosso circo
Tão somente o que os atrai
Ao espetáculo
É ver-nos e rirem de nós
Os Don Quixotes da nova era
Tentando mudar os fatos
Dum mundo abstrato
Banalizado
Enquanto a lona incendeia...
E onde o concreto
É o dinheiro
Que podem ter no bolso
Status e ego inflamado
Ser melhor que o outro
Mais esperto
De resto...
Nada...

O circo já pegou fogo!

(Rob Azevedo)

Que país é esse?

A impunidade no Brasil é como uma doença crônica, sem cura e até mesmo sem vacina. Sei que é um assunto muito debatido em protestos, porém nunca resolvida. Muitos fazem crítica a este erro inaceitável do poder público, mas parece que estamos longe de alcançarmos o direito de vermos punidos aqueles que assolam a sociedade.

A Human Rights Watch, uma organização de defesa dos direitos humanos, criticou duramente os atos impunes na justiça brasileira. Segundo a ONG, os abusos aos direitos humanos no Brasil são significativos, pois no país há muita impunidade e há ainda a falta de acesso à Justiça. Afirmou ainda que os policiais são muito corruptos e que as condições das prisões brasileiras são muito ruins. Primeiro, discordo que os policiais são corruptos.

Não se pode julgar a corporação por uma dúzia de má policiais. Segundo, prisões são chamadas de “penitenciárias”. Isto é, para ser penitenciado, cumprir penitencia ou para ser mais claro, ser punido. O marginal não esta em colônia de férias! O que me deixa indignado é a defesa quase que paternal das pessoas que se dizem a favor dos direitos humanos. E o direto à vida das vítimas desses marginais?

Estou escrevendo tudo isso porque ontem perdi mais ainda minha fé nessa instituição. Perdi a fé nas leis que regem esse país. Perdi a fé nos homens que governam essa nação. Assistindo o telejornal, vi que a luta de uma mãe, pobre, analfabeta e catadora de papel e latinhas nas ruas de Recife no estado de Pernambuco para sustentar a família, foi em vão.

Maria Luiza do Nascimento, comemorou muito quando soube que seu filho, Alcides do Nascimento Lins, havia passado em Biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco em 2007. Algo que foi documentado com matérias em vários telejornais e orgulho pela forma de inclusão social. Alcides se tornou “garoto propaganda” do governo pernambucano e seu rosto ficou conhecido em outdoors espalhados pela cidade.

Acontece que no último sábado (6), o jovem estudante, que se formaria esse ano, foi morto com dois tiros na cabeça. Os marginais estavam procurando um outro individuo, como não encontraram, para não perder a “viagem”, resolveram executar Lins por puro prazer. E sabe o que é mais doloroso? Não vão achar os criminosos, não estão nem ai para quem era Lins ou para quem é Dona Maria Luiza. Cairá no esquecimento e se tornará estatística da criminalidade.

O caso é que a Justiça brasileira é cega até demais! Cega, surda, muda e acima de tudo, burra ! Parece que ninguém é punido. As prisões vivem lotadas e quem comanda dentro das cadeias são os bandidos. Trabalhadores, que lutam sol a sol, dia a dia, não tem condições de ter um aparelho de celular porque sua prioridade é colocar comida na mesa e vestir suas crianças.

Os governantes deveriam olhar para baixo já que esse ano é eleitoral. Chegou mais uma oportunidade de dizer “BASTA”. Chegou nossa hora de dar o troco e mostrar de quem é esse país. Não votem naqueles que não cumpriram suas promessas, não votem em quem tem acima de dois mandatos e não fizeram absolutamente nada e acima de tudo, não votem naqueles que tem pendências com a justiça. Não elejam criminosos. Vamos fazer a faxina de cima para baixo!

Fica aqui minha indignação à morte de Alcides do Nascimento Lins. Brasileiro, batalhador, guerreiro e acima de tudo... gente! Mas que cairá no esquecimento em poucas semanas.

Minhas Promessas

Mais um ano começa e é tempo de renovar as promessas feitas para nós mesmos e não cumprimos. “Esse sera diferente!” - É a frase usada por estes dias, pelos menos nos trinta primeiros dias. Faz-se prognósticos, promessas e claro que também entro no clima. Hoje parei pra pensar o que devo incluir e excluir da minha rotina, tanto que organizei uma lista do que entra e o que sai. Bora lá!

Vou cuidar mais do corpo e da mente. Musculação e natação estão dentro, sem esquecer os livros que estão empilhados na mesinha do quarto esperando a minha atenção. Quero mais tempo para o ócio, tempo para não fazer absolutamente nada. Quero ter mais paciência - prometo não me irritar com o trânsito de São Paulo as 18h das Marginais (Tietê e Pinheiros)... não tem valido a pena.

Vou dirigir menos e caminhar mais. Adoro viajar! Quero poder fazer a passeio, porque a trabalho já faço isso constantemente. O foda dessas viagens à trabalho é que nunca conheço nada! Continuarei dedicado ao meu trabalho de comunicador, isso entra! Mas quero trabalhar menos. Não vou permitir que ele me roube certos tempos, como tem acontecido. Deixei de ver pessoas maravilhosas por conta do corre-corre dos “freelas” que rolam foram da rádio...isso sai!

Escrever mais e buscar melhorar nas coisas que escrevo. Sei, sei...ninguém é perfeito, mas já cometi cada erro (tanto de “analize” quanto de português). Vou buscar me aperfeiçoar...isso entra.

Tentar ganhar algum pudor. Confesso que tenho a boca suja pra caramba e falo o que acho sem nenhum “filtro”. Tentar me comportar... isso entra. Outra coisinha que tem obrigação de entrar nessa lista...abandonar preconceitos – alguns ainda insistem me acompanhar.

Tatuagem. Eu quero mais uma e aumentar a que tenho no braço...isso entra

Descomplicar. Curtir mais minha casa e a minha família. Apreciar a lua. Ela é sempre inspiradora. Outro dia viajando (olha ai a viagem viu?) de ônibus para Jaú (interior de SP) a noite, fui um bom tempo pensando na vida e olhando aquele céu maravilhoso, estrelado e com uma lua cheia, maravilhosa reinando absoluta na madrugada.

Ter menos pressa. Desacelerar. Aprender a dançar, aprender a cantar e com certeza, aprender a tocar violão...puts, como gosto do som do violão! Deliciar-me com as minhas músicas preferidas. Mudar o visual...isso também entra...oras, porque não?

Concluir aquele projeto. Qual? Os que estiverem pendentes. Conviver mais com os amigos. Quero ir em um luau... nunca fui! Aproveitar o que São Paulo tem de bom. Surpreender-me. Resignar-me com o que não tem mais jeito... isso estão dentro!

Modificar o que me deixa indignado. Aguçar minha sensibilidade. Curtir os afetos. Passar mais tempo com meus dois sobrinhos que amo muito. Fugir dos rancores. Também quero inovar. Terminar a faculdade de jornalismo e fazer aquele curso que vai me dar prazer... também estão dentro da lista.

Ir mais ao cinema e assistir boas peças teatrais. Assistir, novamente, e tantas vezes quantas forem possíveis, “Trair e coçar é só começar”... sai da sala leve de tanto rir...

Hum...acho que já está de bom tamanho. São promessas. Eles servem para transmitir segurança. Mas não tenho nenhuma certeza sobre o cumprimento delas, pelo menos de todas. Não há problema. Isso não assusta. No final de 2010, volto a prometer.