sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Somente por Deus.

Hoje não vou bater somente na cara da política brasileira. Vou esbofetear também a igreja católica. Já antecipo minhas desculpas a quem é católico, mas não da para assistir a igreja dando seus “pitacos” retrógrados aos acontecimentos que beneficiariam toda a sociedade.Desde 2005 quando o congresso aprovou a lei de biossegurança, a Procuradoria-Geral da União proibiu o uso de células-tronco embrionárias. Proibição que veio através da pressão que a igreja católica fez usando os fieis e o pretexto que seria um incentivo ao aborto – algo que acho que deveria ser legalizado – mas isso é assunto para outra postagem.Esta semana o Supremo Tribunal Federal dará a palavra final sobre o uso dos embriões. Mas, mais uma vez, os religiosos entraram com uma campanha que contraria as pesquisas, alegando proteção à vida.Antes de colocar minhas criticas e opiniões, vou esclarecer usando as declarações da bióloga Mayara Zatz, uma das maiores especialistas no assunto, a diferença entre célula-tronco embrionária e a utilização de embriões. A pesquisa usará justamente aqueles embriões que serão descartados nas clinicas de inseminação artificial e que jamais serão utilizados em alguma mulher; são embriões in-vitro e em momento algum serão utilizados fetos de qualquer tipo de aborto.Primeiramente, não há utilidade para células adultas, independe do tempo de gestação. A igreja católica alega que esses embriões já são seres vivos. Contestável. Há um consenso entre as autoridades de saúde de que a vida termina quando não há atividade neurológica (morte cerebral) - quando o cérebro pára, a pessoa é declarada morta. Então podemos aceitar que esses embriões também não estão vivos, porque somente na décima quinta semana será formado o sistema neurológico.Ainda segundo Zatz, deputados e senadores tiveram aulas de biologia antes da aprovação da lei de biossegurança. Antes das aulas, 80% dos senadores e 95% dos deputados reprovaram a lei, mas, depois de obter conhecimento cientifico, a aprovação foi de 90% entre senadores e 85% dos deputados. Se a intenção da igreja católica é proteger a vida, concordo plenamente. Mas protejam quem já está vivo. Pessoas que por algum motivo – acidente de carro, assalto, bala perdida ou acidente de trabalho – estão presas em cadeiras de rodas, pessoas que estão morrendo aos poucos com algum tipo de câncer, pessoas que estão rezando (olha a ironia), rezando a Deus para que seja aprovada a retomada das pesquisas e assim possam ter um fio de esperança de algum dia retomar suas vidas, retomar suas rotinas, inclusive ir à igreja, agradecer a Deus por mais uma oportunidade.

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