Olá galera! Sei que falei que voltaria a escrever na volta das minhas férias. Mas com os acontecimentos no Oriente, fica difícil não deixar algo postado. Não é escolher um lado do conflito. É trazer informações que grande imprensa deixa - ou se faz deixar - de informar. Abaixo um e-mail de um amigo que mora atualmente em Israel. Não fiz correções na postagem justamente para não mudar a emoção que o Marcelo passa no texto. Leia! E assim tire sua própria conclusão. Abraço a todos e juízo.
Fala galerinha, não sei se lembram de mim, mas quem Vos escreve é Marcelão. Estou morando em Israel e gostaria de tecer alguns comentários verdadeiros sobre o recente conflito. Tenho lido O Globo diariamente e fico estufato com as noticias que chegam até voces e principalmente com os comentarios deixados pelos leitores. Gostariam que voces somassem a estas opiniões o que vou lhes relatar. E como consequencia que voces tenham uma opinião mais imparcial. EM primeiro lugar estou bem. A vida é normal. Universidade, trabalho e diversão. Israel desocupou a faixa de gaza em 2000 (importante ressaltar que esta ocupação não foi a causa de tantos anos de conflito, foram consequencia direta deles). Israel saiu desta região e deu autonomia para o governo palestino. Desde o 2o dia em que Israel não estava lá misseis eram lançados TODOS OS DIAS em direção a Israel. Este ano cairam em territorio Israelense 6.000 misseis kassam nas cidades que fazem fronteira com a faixa de gaza. 6.000 MISSEIS. Há algum tempo Israel ja vinha tentando o diálogo com o governo eleito Hamas, para que parassem os ataques. O Hamas, diga-se de passagem, não possui o menor interesse de diálogo, e sequestra a causa palestina (Causa esta, justa. Todo povo, merece um lugar para desenvolver sua cultura, lingua, tradiçao. Assim como o povo judeu possui Israel, o povo Palestino MERECE o pedaço de terra deles). O HAMAS está mais interessados na destruição de Israel do que na criação do estado Palestino. É muito difícil apertar a mão de que não estende o braço. Ha alguns meses vivíamos uma falsa calmaria com uns dois ou tres misseis caindo TODOS os dias. Estávamos com um cessar fogo declarado. Ha alguns dias o prazo deste cessar fogo acabou. Ao invés de prolongar o cessar fogo O HAMAS mandou 50 Misseis em um dia para dentro do território israelense. Matou um civil. Destruiu algumas dezenas de casa. O que o governo Israelense poderia fazer? Era hora de um basta e por isso estamos vendo as cenas lamentáveis de destruição em gaza. OS terroristas se escondem em meio a população civil. Ontem Israel destruiu uma plataforma de lançamento de misseis que ficava em UMA ESCOLA PRIMÁRIA. Não acredito que esta ação por parte do exército de Israel vai resolver o conflito. Mas era hora de destruir as instalaçoes terroristas. Imaginem voces se o uruguay mandassem um missel para dentro do Brasil. Ou o México nos Eua. O que estes países iriam fazer? Leio nos jornais que a reação de Israel foi desprorpocional. Parto do principio então, que as pessoas entendem e respeitam que Israel tinha que ter uma reação! Se foi desproporcional ou não é outra discussão. Mas Reação tem que existir. LEio assustado os comentarios dos leitores. Ser contra Israel estar estabelecido na região é uma opinião. Ser contra a reação israelense em Gaza é uma opinião. Pedir a morte dos judeus e a volta de Hitler não é uma opinião. É uma declaração deplorável, mas que nestes dias começam a pipocar nos jornais. FIQUEM ATENTOS. ISTO É ANTI-SEMITISMO. Li acusaçoes de que os judeus são culpados dos problemas do mundo: da fome, miséria, somos "donos" do banco mundial, somos "donos" de hollywood, "roubamos" a terra dos palestinos.... Cada vez que Gaza explode na imprensa internacional — e só explode quando, finalmente, há uma reação israelense —, por trás da notícia, subsistem centenas de ataques prévios palestinos, cuja bondade jornalística não mobiliza nenhum interesse. Isso significa que toda reação israelense é justificada? De forma alguma, e vou aos fatos. Creio que Ehud Olmert, em sua necessidade de demonstrar que é um líder forte — depois da acumulação dos erros da guerra do Líbano —, tomou decisões que, se bem têm uma lógica militar, não têm uma lógica democrática. Não se pode justificar, de nenhuma maneira, o isolamento total de uma população civil. Inclusive, ainda sabendo da implicação dessa população na fustigação permanente contra Israel. Entretanto, tal defesa, não significa que se esqueça a crítica situação que vive Israel, em guerra declarada ou latente desde há décadas, rodeado de milhões de inimigos que querem fazê-lo desaparecer, demonizado por quase todos, vigiado até o delírio pela imprensa internacional, e é o país único de todo o mundo que não pode perder a guerra nem um só dia. Não tenho dúvida alguma que, apesar de sua notável inteligência militar e de seu armamento, Israel é o país frágil da região. À diferença de seus inimigos, que podem permitir-se a ditaduras temíveis, apoio logístico a todo tipo de grupos terroristas e até ameaças de destruição, Israel mantém uma sólida democracia, aporta avanços científicos à humanidade e, além disso, é obrigado a dedicar o volume mais substancial de seu PIB à urgente necessidade de defesa. É o único país do mundo que vive numa situação de tormenta extrema desde que existe e, no entanto, é o único que tem que pedir perdão para sobreviver. O que ocorre, pois, em Gaza, é o enésimo capítulo do capítulo de sempre, cujo percurso previsível não implica, infelizmente, que não se repita. O Hamas mantém a violência cotidiana, mantém a ameaça global, e mantém o adestramento no ódio antiisraelense. É claro, mantém também o elogio público ao martírio. Toda esta bomba-relógio, que explode periodicamente, como explodiu a bomba do Hezbolá, e acabou na guerra do Líbano, não merece nem a reprovação da Liga Árabe, que só se reúne para demonizar Israel, nem a crítica da ONU, nem o repúdio internacional. Pelo contrário, todos os movimentos de defesa israelenses são demonizados na hora, e aí temos a corte dos intelectuais pró, erguendo sua indignação ao sol. Parece-me bem a crítica democrática a Israel. Mas, para ser crível, seria bom escutar alguma solidariedade com as vítimas israelenses, alguma denúncia ao terrorismo islâmico palestino, algo de indignação pelo uso corrupto das ajudas internacionais, e algo de preocupação pelo papel bélico dos países da região. E, entretanto, há o silêncio. O que leva a uma conclusão inevitável: que, com respeito a Israel, a fronteira entre a crítica democrática e a criminalização maniqueísta, é tão tênue que se viola na maioria dos comentários. Sobre Israel não se faz análise política. Perpetuam-se as velhas artes da difamação e da propaganda. Parece-me lógico e exigível que o mundo exclame quando morrem inocentes em Gaza. Mas já não me parece tão lógico que não se intente saber o que aconteceu, o teor da convulsão e complexidade que apresenta o conflito. Não existem terroristas que manipulam todo o tipo de explosivos? Não existe o uso de uma violência generalizada que não tem problemas em utilizar adolescentes para perpetrar matanças? Não caem diariamente dezenas de mísseis nas proximidades de Ashkelon (Israel)? De maneira que antes de transformar o exército israelense numa espécie de esquadrão assassino, sem escrúpulos nem moral, seria necessário tentar conhecer os fatos. Mas não é o caso. De fato, nunca é o caso quando se trata de Israel. Com um automatismo que não se gera em nenhum ou fato lamentável, a imprensa dá por fato que é normal Israel ir fazendo matanças indiscriminadas de civis palestinos. As manchetes eram explícitas: “outra matança de civis nas mãos do exército”, “o exército volta a matar civis”, “como é habitual, Israel…” E assim, o habitual é dar uma imagem distorcida, perversa e criminosa do exército democrático de um estado democrático, sem nenhuma vontade de conduzir-se pelos códigos deontológicos da profissão. ‘ É provável que a imprensa acredita que esteja a favor das vítimas, e sacrifique o bem superior da solidariedade ao bem público da informação. Certo? Então, por que não fala nunca dos palestinos, vítimas da loucura fundamentalista? Por que não fala das mães que são proibidas de chorar a morte de seus filhos suicidas? Por que não consideram vítimas os palestinos que apóiam o Islã totalitário? E, num contexto mais geral, por que não falam das muçulmanas que lutam por sua liberdade, das que querem escolher os seus maridos, as que querem emancipar-se profissionalmente, as que querem ser tratadas como seres humanos dignos? Por que, esta imprensa que acredita que está ao lado das vítimas, não se interessa pelos massacres islâmicos no Sudão, com seus milhares de assassinatos? Por que não nos explica a aterradora asfixia que sofrem os cidadãos do Iêmen? Por que não consideram vítimas os pobres iraquianos massacrados pelos terroristas fundamentalistas? De fato, por que falam de insurgência e não de terrorismo?... Não. Não é correto. Porque a motivação não é a solidariedade, mas um estágio ideológico superior — ainda que moralmente inferior —: o que realmente interessa é poder usar as vítimas para estruturar, com convicção, o antiocidentalismo que é latente. Relativismo moral camuflado sob a crosta do esquerdismo. Por enquanto é isso.
Obrigado pela atenção Marcelão
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