segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Será o primeiro passo para uma reforma política?

O começo dessa semana foi bombástica. A entrevista do ex governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, a revista VEJA. Fala verdade! Quem tem o mínimo de bom senso, não sabia disso? Mas nem por isso perde a importância das revelações feitas pelo parlamentar. Ser testemunha ocular de anos e anos de conchavos e interesses pessoais, devem de alguma forma dar um novo rumo, ou pelo menos, um novo fôlego para meia dúzias de políticos sérios que ainda resistem as tentações.
Mas será que Vasconcelos fez as denúncias por ser um desses defensores da ética? Ou existe interesses mais obscuros por trás?
Para quem viveu a era Collor, sabe muito bem do que estou falando. O processo que terminou com o impeachment do presidente da República Fernando Collor, em 1992, começou com um desses depoimentos que seu irmão, Pedro Collor, concedeu a VEJA. Resultou em manchetes de jornais e revistas nos quatro cantos do Brasil. A capa da semanal com a chamada "Pedro Collor conta tudo" era um chamado a sociedade para não ignorar tal depoimento. E foi isso que aconteceu.
Com a pressão da REDE GLOBO e com umas centenas de "caras pintadas" manipulados, Collor deixava a Presidência. Os motivos que levaram Pedro Collor fazer tais denúncias nunca ficaram claras. Ele morreu vítima de câncer em 1994.
As Páginas Amarelas desta semana trazem um conjunto de revelações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos. Elas constituem um depoimento que também não se pode ignorar. Jarbas Vasconcelos, 66 anos, 43 dedicados a política, relata com a firmeza das testemunhas oculares que seu partido, hoje presidindo o Senado e a Câmara, é uma agremiação que se move apenas por "manipulação de licitações, contratações dirigidas e corrupção em geral". A entrevista de Jarbas Vasconcelos a VEJA não deixa muitas opções a seus colegas de partido e, por conseqüência, ao Congresso: processam o senador por falta de decoro parlamentar, imolam-se em praça pública ou vestem a carapuça e mudam seu comportamento. Todos nós, branco, negro, pobre ou rico, precisamos acompanhar muito de perto o desenrolar dessa história. Será que é o primeiro passo para uma reforma política séria e um profundo e histórico processo de limpeza da vida pública brasileira?

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